Duas mulheres
muitas mortes
muitas maneiras de lidar
com a finitude.
fim.
começo.
se encontram para
acolher o tempo
fim dos tempos?
vida morte vida
desejo de acolher tudo
cada uma na sua lida
buscam a história
nas histórias
respiro sopro
colo alento.
Pelas palavras, intimidade.
a fala afasta o medo:
Pode entrar Dona Morte!
O mundo está em luto. No final de 2019 ouvimos falar sobre um vírus desconhecido que estava matando muitas pessoas na Ásia. Em 2020 nos deparamos com o surto do novo coronavírus (COVID-19) que se transformou em uma emergência de saúde pública de importância global. O ciclo natural da vida sempre pode ser alterado, mas com a chegada dessa pandemia e suas graves consequências, fomos todas/os afetadas/os e isso tem nos obrigado a arranjar estratégias para o enfrentamento dos diversos sofrimentos causados ou intensificados por essa doença. Diante dessa realidade, quantas vezes paramos para pensar, conversar e refletir sobre o sofrimento que tem acometido milhares de famílias? Se falar sobre a morte e seus processos com pessoas adultas não é fácil, imagine falar sobre a morte com as crianças. É um tabu, pois com o
[…] desenvolvimento do pensamento científico e da tecnologia, a morte tem sido cada vez mais combatida e escamoteada, a ponto de muitas vezes encontrarmos pessoas em situação terminal que se sentem culpadas por seu adoecimento e pela iminente possibilidade de morrer. Em consequência, o tema da morte desapareceu da cultura do cotidiano, o que impediu os indivíduos de contar com repertórios simbólicos para enfrentar a morte e o luto (SAFRA, 2018, p. 9).
Evitando falar sobre a morte, de certo modo mantemo-nos distantes da possibilidade de criar intimidade com a vida e sua continuidade. Tal dificuldade nos coloca num vácuo, num vazio que faz com que o fio da vida siga partido, incompleto. Cada uma de nós, a partir da experiência pessoal e profissional, observa e sente esse fio que se interrompe de maneira abrupta ao não dialogarmos abertamente sobre a morte. Para diversas pessoas, professoras/es, psicólogas/os, educadoras/es, amigas/os, familiares, etc, falar sobre a morte pode ser uma tarefa árdua e delicada, mas ao mesmo tempo fundamentalmente necessária.
Nossa possibilidade de sentir, ressignificar e acolher é através das histórias
Reconhecemos que a literatura infantil e outras narrativas, literárias e pessoais, podem ser poderosas aliadas, criando possibilidade de intimidade com o tema. Em tempos onde a vida parece não valer muito e a morte banalizada, as histórias nos lembram a importância de honrar e celebrar o que sentimos, de maneira consciente e corporificada. De maneira inteira e pulsante.
Nesse sentido, um dos principais intentos dessa proposta de vivências sensibilizadoras sobre a morte, será aproveitar a vasta produção literária disponível para colocar o assunto na roda, já que entrar em contato com a morte
[…] nos dá a verdadeira e concreta dimensão da sua universalidade, imprevisibilidade e inevitabilidade. Essa confirmação mostra o que representa cada segundo que podemos viver! Quanto tempo nos é dado a cada dia para encontros, desencontros, oportunidades de amar, aprender, sofrer, cantar, sorrir, sentir (NUCCI, 2018, p. 69).
Convite
Com base nisso, te convidamos a se entregar à experiência de ouvir e contar histórias sobre a morte, sejam elas pessoais ou dos livros de literatura e a abrir espaços para que elas possam contribuir para a organização de todas as emoções/sentimentos e memória achem um espaço adequada dentro de cada uma/um. Assim, poderemos tecer juntas/os um diálogo, a partir da escuta afetiva, sobre o percurso humano onde o nascer e o morrer como etapas igualmente importantes da vida!
Objetivo Geral
Criar uma rede de sustentação afetiva e efetiva onde juntes possamos ampliar e ressignificar os múltiplos sentidos sobre a vida.
Específicos
- Realizar encontros virtuais de diálogo, reflexão e acolhimento a partir do compartilhamento de histórias;
- Promover um espaço de acolhimento das experiências das/os participantes relacionadas à morte;
- Disponibilizar um espaço seguro onde as pessoas possam compartilhar seus sentimentos;
- Refletir sobre a possibilidade de ressignificação das experiências da morte através das histórias;
- Ofertar momentos onde os saberes individuais e coletivos sejam reconhecidos, considerados e acolhidos;
- Experimentar momentos de sensibilização sobre a morte;
- Apoiar o grupo na construção de um lugar apropriado para gestão coletiva dos sofrimentos sobre a morte e o morrer;
- Suscitar discussões sobre a morte como uma parte intrínseca da vida e sobre a nossa finitude.
Metodologia
- Será realizado um ciclo de quatro encontros de vivências participativas;
- A cada vivência teremos atividades corporais, sessões de meditação, momentos para brincar, para ouvir músicas, para ouvir histórias, para ler e fazer diversas atividades criativas;
- Os momentos de fala e de escuta afetiva do grupo serão garantidos;
- Serão utilizados diversos livros de literatura;
- Será disponibilizada uma referência bibliográfica específica sobre o tema;
- Os encontros não serão gravados.
Facilitadoras:
Érica Verçosa (@cedinho): Pedagoga, especialista em literatura infantil e juvenil, estudante de arterapia, com experiência de mais de 10 anos em desenvolvimento de grupos e redes de leitura pelo Brasil.
Andréa Graupen (@Traços) : Psicóloga, Arteterapeuta, trabalhadora da saúde mental. Coordena formação em arteterapia desde 2003.
Apoio e comunicação: Debora Pimenta (@cedinho)
Informações gerais
Vivência presencial online
Público: mães, pais, educadoras/es, bibliotecárias/os, mediadoras/es de leitura, contadoras/es de histórias, terapeutas e demais interessadas/os
Carga Horária Total: 12h
Período: Agosto de 2021
Dias: 05, 12 ,19 e 26
Horários: quintas-feiras das 19h às 21h
Período de inscrição: de 5 a 28 de julho
Número de vagas: 25 (vinte e cinco)
Local para realização da vivência: Pluriverso.online
Investimento:
Abundante: 350,00
Justo: 250,00
Solidário: 200,00
Atenção: Ao se inscrever você estará garantindo que uma pessoa que tem interesse em participar e não tem condições de pagar, participe da próxima turma. Obrigada!
Contatos:
Andréa Graupen: [email protected]
Érica Verçosa: [email protected]