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    Camila Schoffen Tressino

    Member
    30 de junho de 2021 at 15:22 em resposta a: Deixe aqui seu depoimento sobre o curso

    Fazer o curso para mim foi muito inspirador. Além de poder re(conhecer) alguns conceitos, histórias e práticas foi muito bom poder ouvir, ver e sentir novas histórias. Gostei muito de poder conhecer um pouco mais sobre a história de cada um da Rede, isso nos ajuda a perceber melhor as pessoas e criar vínculos importantes para a realização das nossas ações. Obrigada por mediarem esses encontros e nos proporcionarem conhecer novas histórias e refletir sobre as que já conhecemos, desconstruindo inclusive algumas coisas que nos foram impostas.

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    Camila Schoffen Tressino

    Member
    9 de maio de 2021 at 15:49 em resposta a: Encontro 01 – Prazer de Casa 01

    O meu nome tem cheiro de terra molhada, minha voz tem a cor do sol. Vou querer manter no meu olhar a paisagem da janela da minha casa (aqui em Minas) e do pôr-do-sol da minha casa (em Porto Alegre). O meu abraço tem o som do vento. E a minha história tem gosto das bolachas natalinas da minha avó.

    A escolha de meu nome foi da minha mãe, segundo ela, já tinha escolhidos os nomes dos filhos: Camila e Felipe. Meu pai até tentou mudar, queria “Priscila”, mas não deu muito certo e aqui estou: Camila. Também não recebi o segundo nome (que, segundo a minha avó, tinha de ter) pois depois dela arranjar briga com as filhas por isso, parou de sugerir. O nome de meu irmão, eu que queria outro: Lucas, mas depois de conhecer um menino com esse nome da escola e ele ser muito pestinha, disse a minha mãe que não queria mais.

    A história de minha família começa no “velho continente”, mas sem muitos registros e relatos sobre isso. De parte materna (Acker), a família de minha avó é de Cândido Godói, uma cidade no interior do estado do Rio Grande do Sul, região missioneira. A família tem sua origem e cultura nas tradições germânicas e é muito ligada à igreja, principalmente às mulheres (tenho duas tias avós que eram freias, e minha tia quase foi – desistiu e hoje tem 6 filhos kk). Por este motivo, eram muito fechadas e não temos acesso a registros mais antigos, de meus bisavós, por exempo. Era uma família considerada muito “tradicional” pois ainda mantinham os costumes e tradições dos mais velhos, principalmente, na lígua, na casa de minha bisavó só se falava o dialeto alemão da região. Já a família de meu avô (Schoffen) é de Caibaté, cidade próxima. Foi nesses duas cidades que nasceram meus avós e bisavós maternos. Uma família nem tão tradicional assim, mas que também preservou muitos costumes. Minha avó é a segunda esposa de meu avó, a primeira esposa morreu no parto, junto com seu primeiro filho. Depois dessa experiência, meu avô casou novamente e eles viveram na cidade de Caibaté, tiveram 13 filhos ao total, sendo que duas morreram ao nascer. Todos os filhos, exceto tia Terezinha (que seria Terezinha Ema), ganharam dois nomes, que tinham a ver com santos (Lucia Maria, Ana Margarida, e por aí vai). Meus avós viviam da terra, de onde alimentavam a família e meu avó tinha uma pequena ferraria. Seu filho mais velho faleceu em decorrência do tétano, na época ainda não havia vacina! Todos os filhos tiveram a oportunidade de ir à escola e os mais velhos recebiam pequenos “mimos”, de minha avó: um ovo a mais na refeição e por aí vai. A vida na roça não era fácil, especialmente no inverno.. meus tios tem muitas histórias e, toda reunião de família ajudamos a contá-las (de tanto ouvidas já podemos reproduzir). Depois de Caibaté, nos anos 70/80 a família começou a se espalhar: meus tios hoje moram no Mato Grosso do Sul, em Porto Alegre (capital), no litoral (Osório) e um ainda vive na sua cidade natal. Esse “espalhamento”, se deu em busca de melhores condições de vida e estudo. Por fim, minha avó também foi para mais perto da capital, na decada de 80, quando meu avô faleceu. Ela viveu até os 91 anos, e morava junto de minha tia mais nova (segundo ela, fizeram um pacto de não se separarem), ajudou a criar muitos netos e sua casa era uma verdadeira festa nos finais de ano, quando a família e, principalmente os primos se reuniam para passar as férias. Minha avó era uma mulher séria, metodica em sua rotina, mas muito amorosa. Minha história tem o gosto de sua comida pois era muito afetiva. Suas bolachas eram famosas e, todo Natal a produção aumentava, com a ajuda dos netos. Viveu seus últimos anos de forma forte, após sofrer um avc, que a debilitou, nessa época, muitas outras histórias vieram a tona.

    Meus avós paternos e suas famílias são da cidade de Fagundes Varela, na região serrana do estado do Rio Grande do Sul. Lá, a colonização era italiana e a família também tinha seus costumes e suas comidas com muita influência desses povos. Meu avô trabalhava com madeira, fazia esquadrias e ajudava na construção de moradias. Meu pai nasceu na cidade de Veranópolis, cidade próxima a Fagundes Varela e, mudou-se para Caxias do Sul já moço, onde também trabalhou com meu avô e seus filhos em uma fábrica de móveis da região. Também em busca de melhores condições, a família se mudou para a capital na década de 80, onde meus tios puderam terminar os estudos e meu avô passou a trabalhar como colocador de pisos, profissão que teve até o fim de sua vida. Já neste momento, ele e minha avó se separaram, o que trouxe um distanciamento na família, pois alguns filhos ficaram mais de um lado e outros do outro. Minha avó também era muito afetiva e as lembranças levam às comidas que cozinhava para nós.

    E assim, meu pai e minha mãe se conheceram, não casaram, mas ainda vivem juntos, tipo Tom e Jerry.